quarta-feira, 13 de março de 2013

Contra Medo de Ser Traido .


Provavelmente, um dos sentimentos universais e inatos mais fortes que carregamos é o medo da traição, a sensação avassaladoramente dolorosa de sermos trocados, substituídos, enganados, subestimados.
Diz o ditado: quem ainda não foi, um dia – mais cedo ou mais tarde – será! Se será mesmo ou não, realmente não sei. Só sei que quem já foi, sente-se esmagado por uma dor que não se consola, que não se anestesia, que não se cura até que se possa compreender que a traição é atitude pessoal e não dirigida, direcionada.
Mas, enfim, mais do que falar do que seja a traição propriamente dita, minha intenção aqui é olhar para a realidade após o fato ou diante da fantasia. É refletir sobre o poder de destruição que fato e fantasia exercem sobre uma pessoa a ponto de desmoronar sua própria imagem, sua própria estima e todas as convicções sustentadas até o momento em que ela se vê diante do veredicto (ou da mera possibilidade): traída!


Assisti ao filme DOM e mergulhei na insanidade de um homem tomado pelo ciúme da mulher amada. Seus olhos, seus ouvidos, sua mente e, por fim, seu coração, deixaram-se trair... não por ela, mas pelo medo terrível de ser traído. Ao invés de desfrutar o amor oferecido por sua mulher, ao invés de vivenciar a oportunidade de uma linda história, ele se deixou consumir por fantasmas que, com intensidades diferentes, assombram a grande a maioria de nós alguns momentos de nossas vidas. E assim, a história se perdeu, desandou, virou tristeza, como bem disse a mulher amada.
Uma tristeza que arde, que grita, que transforma toda a vida numa ameaça que não descansa, que atormenta e bagunça dias e dias, do começo ao fim. Qualquer sossego é impossível diante do ciúme, da desconfiança, da possibilidade de perder o amor do outro

No entanto, entre o medo de ser traído e o fato consumado, pode não haver uma ponte. Ou seja, o medo é de um e o ato é do outro e nem sempre um depende do outro para existir. Há quem passe a vida inteira com medo, sem nunca ter sido traído. Há quem seja traído e nem por isso sinta-se dominado pelo medo. De um lado, a fantasia, a imaginação, a capacidade de ver pêlo em ovo, como dizem. Do outro, a consumação do fato, a desilusão, a desconsideração enquanto verdade combinada, enquanto atitude tolerada dentro do amor.
Mas a despeito de ser fantasia ou fato, quero focar a angústia de quem se vê abocanhado pelos grandes dentes do ciúme e da insegurança, da sensação de inexistência, de pequenez, de ter feito (ou vir a fazer) papel de otário. O que fazer? Como se livrar destes sentimentos tão equivocados e distorcidos? Como parar de ver o que não existe ou de doer pela escolha desrespeitosa do outro?!? Como compreender, de uma vez por todas, que amor e posse não combinam, que o amor desapegado é mais evoluído, mais espiritualizado, mais iluminado?!? Como se tornar maduro o bastante para deixar o amor livre sem que isso seja apenas uma frase belíssima de final de filme?!?
Você tem alguma sugestão?

Sinceramente, não tenho nen
huma receita pronta, mas penso que quando a situação perde a referência pessoal, isto é, quando o problema deixa de ser o traidor para ser o traído, talvez você deva buscar ajuda a fim de reconstruir seus próprios limites pessoais, a fim de saber onde termina você e começa o mundo ou até onde você pode controlar o mundo e as pessoas (ou ‘a pessoa amada’) e se sentir responsável pelas escolhas delas.
Entretanto, ainda que eu não me comprometa a responder todas as mensagens, gostaria de receber a sua sugestão, caso você tenha uma. Fica, então, a questão: o que fazer contra o medo ou a dor de ser traído? É possível não sentir medo ou dor? Como amar de maneira desapegada e incondicional? 


Porque, ademais, somos todos um, parte de um grande corpo, de um único coração. A dor de um é a dor de todos. E a resposta de cada um é parte da resposta de todos. O objetivo é compreender que traição não pode ser qualquer outra coisa senão aquilo que nós fazemos – ou não – para nós mesmos!



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